terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Logística Reversa e a RSE

Estava selecionando informações, artigos, enfim, material sobre Logística Reversa e me deparei com um artigo bem interessante, publicado na Revista Eletrônica de Ciência Administrativa – RECADM (pode ser acessada pelo link http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/index), e este se intitula: Entre fluxos e contra-fluxos: um estudo de caso sobre logística e sua aplicação na responsabilidade socioambiental, e seus autores são Julio Cesar Andrade de Abreu, Daniel Reis Armond-de-Melo, Cláudio Bezerra Leopoldino.

O artigo trata de uma pesquisa realizada pelos autores em uma empresa multinacional instalada no Brasil que atua na área de manufatura de eletrônicos. A pesquisa busca responder a seguinte pergunta: “Como a logística pode colaborar com estratégias de responsabilidade socioambiental das organizações?” e é respondida pelos autores após a realização do estudo de caso.

Os autores fazem um resgate histórico sobre a evolução da logística, desde da relação militar inicial, passando pela cadeia de suprimentos, e chegando na época dos anos 90 e na atualidade como um enfoque mais estratégico e como um diferencial para as organizações. Mas o foco do trabalho em si é a Logística Reversa e a RSE.

A Logística Reversa que antes estava ligada apenas ao conceito de reciclagem, ganha ares acadêmicos e científicos a partir dos nos 90, e nas palavras de Leite, 2003 (apud ABREU; ARMOND-DE-MELO & LEOPOLDINO) ela pode ser considerada como:

“A área de Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno de bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.”

O trabalho ainda faz referência à tipologia de Logística Reversa, que segundo Liva, Pontelo & Oliveira, 2003 (apud ABREU; ARMOND-DE-MELO & LEOPOLDINO), pode ser classifica em: Logística Reversa de Pós-venda, Logística Reversa de Pós-consumo e Logística Reversa de Embalagem. Embora esta última possa ser classificada nas outras categorias, ganha aqui uma categoria em separado, pois a embalagem está se tornando cada vez mais importante neste âmbito da Logística Reversa.

Dentro da Logística Reversa um ponto crucial são as relações colaborativas entre clientes e fornecedores, pois as devoluções e retornos precisam estar baseadas numa relação de confiança entre os elos da cadeia logística.

Outro fator que os autores abordam e chama bastante atenção é para o aspecto da Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE), pois atualmente a prática de responsabilidade social é considerada fundamental para a sobrevivência das organizações. E segundo Neto e Froes, 2001 (apud ABREU; ARMOND-DE-MELO & LEOPOLDINO) a responsabilidade social pode ser vista como: “uma conduta que vai da ética nos negócios às ações desenvolvidas na comunidade, passando pelo tratamento dos funcionários e relações com os acionistas, fornecedores e clientes.”

Neste sentido da RSE a empresa que tem a ideia de crescer e se manter no mercado, precisa estar ciente de suas responsabilidades perante seus grupos de interesse e a sociedade como um todo. E dentro deste aspecto da RSE entra o gerenciamento ambiental, que vem como auxílio na integração de sistemas e programas organizacionais, o sistema de gestão ambiental ajuda no alcance de metas e na melhora do desempenho das operações ambientais. Ou seja, segundo os autores, existe uma “relação íntima entre questões sociais e ambientais dentro de uma organização”.

No estudo de caso a empresa tinha uma estratégia de RSE por diversas práticas, projetos e programas de cunho socioambiental. Porém, dentre os mesmos, apenas um foi escolhido para análise objetivando-se responder ao problema inicial. O projeto este, se baseia na doação de materiais de consumo para entidades filantrópicas, quando por algum motivo, sinistro, materiais que estão em condições de reaproveitamento são encaminhados às entidades cadastradas. Ou seja, em vez de voltar para a empresa e ficar ocupando espaço e tendo custo de armazenagem os materiais acabam sendo roteirizados para as devidas instituições. Para concluir o trabalho, sim é possível a Logística Reversa contribuir com atividades sociais e ambientais nas organizações.

Com o elo cada vez mais forte entre os atores da cadeia o desempenho nas diversas áreas acaba aumentado. A força da legislação ambiental, a satisfação dos colaboradores, consumidores em participar de empresas que buscam a RSE e a sociedade que está cada vez mais preocupada com o ecologicamente correto, podem impulsionar esse aumento no desempenho, tanto na produtividade quanto nas vendas.

Referência:

ABREU, Andrade de, ARMOND-DE-MELO, Daniel Reis, LEOPOLDINO, Cláudio Bezerra. Entre fluxos e contra-fluxos: um estudo de caso sobre logística e sua aplicação na responsabilidade socioambiental. IN: Revista Eletrônica de Ciência Administrativa – RECADM (ISSN: 1677-7387) v. 10, n. 1 (2011). http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/article/viewArticle/596 acessado em 27/08/2011.

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